Fé na humanidade
"pra quem tem fé,a luta nunca tem fim"Rappa
Fé na humanidade
Um olhar sobre a subjetividade do individuo.
Atribuições que compõe a essência humana, consciencia, socioabilidade, universalidade e liberdade.
Consciência
Se todas as pessoas do mundo tiverem amor a Deus isto mudara a realidade de quem vive nas ruas?
E se todas as pessoas do mundo tiverem amor pela humanidade, mudaria esta realidade?
Existe uma crença equivocada no mundo contemporâneo de que há uma crise de valores, uma crise espiritual. Há realmente uma crise porém ela se da no âmbito material onde o capitalismo com sua enorme capacidade produtiva ,não distribui toda comida produzida de forma mais igualitária e justa.
Atualmente a depressão é a segunda maior causa de aposentadoria pelo INSS e nesta falta de um sentido para viver em um mundo no qual as relações tonaram-se quase exclusivamente materiais precisamos antes de criticar um ser humano que vive nas ruas nos perguntar como sera que ele se sente sendo que ao acordar não sabe que horas ou o que ira comer, se ele tera comida naquele dia.Se você não soube-se quando teria o que comer você teria vontade de levantar-se ao acordar? E se isso não acontece-se apenas um dia ou apenas por algum tempo e sim por toda sua vida em todo santo dia ao acordar você nunca soubesse se naquele dia teria o que comer?
Acredito que viver sem saber quando podera comer deve enraizer uma tristeza profunda no ser.
Quando uma pessoa vai viver na rua outro fenômeno procedeu-se anteriormente em sua vida "sua morte social"
A critica da sociedade em relação aos moradores de rua (usuários em situação de rua) na maioria das vezes parte do censo comum e pressupõe que eles não conseguem trabalho porque não querem. Esta afirmação não leva em conta o quanto cada um de nós seres humanos estamos dispostos ou temos forças para ocuparmos o nosso tempo de vida a qualquer preço.
Os seres humanos são seres essencialmente sociais, ou seja, vivem em uma determinada sociedade. e essa sociedade é uma totalidade(para tal é necessário que o assistente social tenha um conhecimento teórico profundo sobre as relações sociais fundamentais de uma determinada sociedade (universalidade)e como elas se organizam naquele determinado momento histórico ,para que possa superar essas armadilhas que o senso comum do cotidiano prega e que muitas vezes mascaram as reais causas e determinações dos fenômenos sociais .)(teoria pratica, método e metodologias .Charles Toniolo de Sousa)
Veja bem, se você tem um estabelecimento comercial como por exemplo um bar e oferece a um morador de rua (usuário em situação de rua) um emprego o que eu duvido que você faria ,pois o mais provável é que você empregaria um amigo,um parente ou alguém que comprovasse experiência e outros mais requisitos normalmente exigidos no mundo do trabalho contemporâneo, ainda assim digamos que você tenha uma atitude altamente altruísta mas de certa forma até irresponsável e contrata-se um completo desconhecido que mora nas ruas e oferecesse a ele um emprego por um salario mínimo para que ele limpa-se e cuida-se do seu bar , com este valor ele provavelmente só conseguiria alugar um quarto em uma pensão , mal sobraria para ele se locomover de ônibus e alimentar-se (provavelmente não seria suficiente).Ele teria que disciplinar-se com horários ,abandonar vários hábitos adquiridos nas ruas e no fim seria um escravo do trabalho por um salario que não o permitiria viver dignamente e ainda por cima sem nenhuma perspectiva de melhora.
Por enquanto nem estamos discutindo que outros fatores podem levar indivíduos a morarem nas ruas que não sejam econômicos como quebra de vinculo familiar, saúde mental, segurança...
Você sabia que um dos motivos pelo qual a maioria dos moradores de rua procura morar nos centros urbanos é porque é um dos locais aonde tem mais segurança?em sua maioria não ficam por exemplo em bairros nobres porque sabem que serão enxotados escurraçados como se fossem lixos.Você sabia que eles têm tanto medo de você quanto você tem deles? pois quando você puxa assunto com algum deles eles não sabem suas intenções, não sabem se ira tocar fogo neles enquanto dormem, se não tentara abusar sexualmente deles motivo ao qual muitas vezes as mulheres que vivem nas ruas vestem-se com roupas masculinas ou simplesmente mal vestidas para não chamarem a atenção dos tarados de plantão.(Não é mole dormir na rua, e tem uns caras aí que são abusados na madrugada, vem querer pegar a gente à força ) ha também tantos outros medos que estão intriscicos em qualquer ser humano.
Viver nas ruas significa estar em risco.
Risco que vira medo cotidiano de ter os pertences roubados, de ser agredido por alguém entre os iguais de rua, de ser vitima de violência sexual, de ser alvo de agressões inesperadas vindas de setores da sociedade preconceituosos para com esse publico, ou mesmo dos órgãos oficiais responsáveis pela segurança. (o sistema único de assistência social entre a fundamentação e o desafio da implantação. Dezembro 2009,pag 147)
Retornando ao nosso foco deste primeiro momento.
Agora vejamos por outro angulo se você oferece-se a ele um salario de 10.000 dez mil reais equivalente a cerca de 10 salários mínimos você acha que ele não aceitaria um emprego?
(valores similares a este são dados em países da Europa e outros países ricos em programas equivalente ao Bolsa Familia,no leste da Rússia é doado um hectare de terra grátis e mais US$ 3.200 para cada segundo filho subjacente)
Olhando o outro lado da moeda ,uma ótica mais dentro da realidade o mais provável é que você não empregaria um desconhecido que vive nas ruas mas talvez você desse uns trocados a ele de vez enquando em troca de alguns bicos , para pequenos afazeres como por exemplo limpar seu bar, carregar o lixo para a rua ou algo deste genero.Neste caso não resolveria a vida dele , apenas seria uma medida paliativa que não lhe daria forças e nem condições de sair da rua e seria exploração de sua parte ,pois se você fosse pagar uma faxineira isto lhe custaria em torno de 100 ha 150 reais a diária, sem falar em vinculo empregatício e direitos trabalhistas.
Outra consequencia da falta de emprego e de o censo comum dizer que determinada pessoa não trabalha porque não quer; por exemplo é se você precisa de alguém para pintar uma parede provavelmente você daria prefrencia a um profissional capacitado que faça um bom serviço,mas digamos mais uma vez que você queira ser altruista ou o mais provavel que não esteja disposto a pagar bem ,preferira pagar pouco e neste caso contrate qualquer um que se proponha a fazer o serviço por um preço que seja justo para você.
Em um pais que vive uma tremenda desigualdade social com milhares de pessoas desempregadas, uma pessoa que esteja a semanas,meses,anos a procura de emprego tentando sobreviver atravéz de pequenos serviços que surgem ,quando milagrosamente surgem.
Uma pessoa nestas condições provavelmente passa por dias de fome e neste caso se você ofercer um serviço de pintura que ira colocar o pão nem que seja por apenas um dia em sua mesa, mesmo que ela nunca tenha pintado nada na vida talvez ela minta que é apta para o serviço e neste caso ambos se enganarão mutuamente para beneficiar-se da ação , ela com mais dignidade motivada pela fome e você para alimentar seu ego dando uma de bom samaritano mas la no fundo motivado pelo lucro de pagar menos que pagaria a um bom profissional.
"Essa noite milhares de crianças dormirão nas ruas,mas nenhuma delas é Cubana"(Fidel Castro)
Quando milhares de Brasileiros pagam impostos,quando temos parlamentares ,Juízes ganhando altíssimos salários com direito a todo tipo de auxilio como por exemplo auxilio moradia,quando temos grandes empresas e bancos recebendo isenções fiscais, enquanto tudo isto acontecer como querer disseminar em nossa sociedade que não devemos dar o peixe e sim ensinar a pescar? A melhor forma de ensinar não é a de ensinar dando o exemplo?
Sabias são as palavras do ex presidente do Uruguai Mujica que disse" concordo que não devemos dar o peixe e sim ensinar a pescar,mas quando tiramos do cidadão a linha, a vara ,o barco, a isca eo anzol, seremos obrigados a dar o peixe"
Quando questionamos se devemos ou não dar o peixe devemos ir muito além disso.A questão é que dar o peixe não basta, da mesma forma que ensinar a pescar também não é suficiente porque eles não querem apenas algo para comer,eles não querem apenas migalhas ,o que eles querem de verdade é suas vidas de volta .Uma sociedade mais justa deve ter mais empatia com as pessoas e investigar mais a fundo a causa de tal fenômeno que causou a um ser humano sua morte social.Mais do que dar o peixe ou ensinar a pescar o ideal é construir uma ponte de empoderamento partindo desde o fortalecimento de seus vínculos familiares a um plano concreto de superação de suas adversidades utilizando-se de toda rede sócio assistencial disponível o que traria resultados mais rápidos ,e a sociedade em seu todo também deveria envolver-se.
Afinal se não for para envolver-se para que serve então a civilização? para que então serve a consciência do homem?
sociabilidade
“Com a valorização do mundo das coisas, aumenta em razão indireta a desvalorização do mundo humano.” (Karl Marx )
'ha um momento na vida em que um homem deve escolher entre o que ele é, entre o que ele gostaria de ser e entre o que os outros desejam que ele o seja."
Desde o inicio da humanidade os seres humanos ,homens e mulheres são acometidos de um vazio por não conseguirem a resposta para três perguntas que todos nos carregamos durante toda nossa existência.
a) De onde viemos (se é que viemos de algum lugar)
b) o que estamos fazendo aqui(premissa de que deve haver algo mais do que apenas comer,trabalhar e dormir)
c) para aonde vamos (se é que vamos para algum lugar)
A falta da reposta a estas três perguntas leva o seres humanos a carregarem dentro de si um vazio e consequentemente a busca exteriorizada de preenchê-lo seja acreditando em um Deus ou em outras crenças que se tornam necessárias para a tentativa de compreensão de nossa própria existência.
Mais uma vez adentramos na questão religiosa e mais uma vez sairemos dela por não ser o proposito deste trabalho.
Que outra forma pode ser melhor de preencher este vazio senão o de viver,conviver,interagir, aceitar e ser aceito.Ouvir e ser ouvido,sentir-se parte da sociedade , sentir-se humano e construtor de algo que vai além de nossa existência.
No filme o poderoso chefão parte III , o todo Poderoso Michel Corleone interpretado magistralmente pelo ator Al Pacino , em uma determinada cena sofre um ataque cardíaco por exaltar-se ao perceber que não ira conseguir legalizar sua família mafiosa , que apesar de todos seus esforços o mundo em que por muito tempo escolheu viver mas que havia decidido sair, agora o arrastava de volta para dentro , para uma guerra pela sobrevivência de sua família e de tudo que havia construído.
Assim éo capitalismo que arrasta o ser humano para uma ótica de mundo onde a preocupação em construir algo para ter é maior do que a preocupação de construir-se como ser.
Esta é a guerra mundial que estamos vivendo como diz o sub-comandante Marcos(porta voz do EZLN em Chipas-México) é a guerrra da humanidade contra sua própria destruição ,contra sua conversão em uma mera mercadoria ,da qual somos todos arrastados a vivencia-la mesmo que estejamos lutando contra ela,mesmo com as contradiçoes desta luta, assim como os abolicionistas tinha de conviver com a contradição de de viverem em uma sociedade escravocrata enquanto lutavam contra ela.
Imagina se você fosse o ultimo ser vivo na face da terra e não houve-se mais ninguém , nenhum ser humano , nem sequer um animal ou qualquer outro tipo de ser vivo.Que sentido faria sua vida?
Ai esta a resposta da indagação inicial sobre o sentido da vida ,sobre preenchermos o vazio."O ser humano só se contempla na coletividade ".
"existir é se relacionar"
(Krishina Murti)
liberdade
livre mercado ecoam os neo-liberais, o governo não deve intervir na economia dizem eles .
Pressuposto este que só serve para os donos dos meios de produção, os poderosos proprietários de terras ,fabricas,indústrias,petroleo,bancos.
veja bem este principio contra diz sua própria essência ,pois prega que o Estado não deve intervir no mercado mas quando por exemplo um banco quebra eles pedem socorro justamente para quem eles diziam que não deveria interferir ou seja o próprio estado.
De forma mais subjetiva outro exemplo é que hoje encontramos barras de cereais ou outros tipos de alimentos vendidos em supermercados somente apartir de 3 unidades. Neste caso um cidadão que tem pouco recursos e encontra barras de cereais a venda na oferta de 3 por ,250 mas se ele tem apenas 1 real no bolso ele simplesmente não pode comprar porque não ha nas prateleiras oferta de apenas uma barra de cereal para vender.
Sem falar em uma pratica adotado pelos super mercados completamente nefasta de usurpar o cidadão diminuindo o tamanho das mercadorias como pro exemplo o chocolate sem diminuir seu preço.Hoje em dia ha chocolates que já estão tão usurpiados em sua contidade de kilogramas que em seu tamanho mais parecem um chiclete.
Ao cidadão de poucos ou nenhum recursos só resta neste caso escolher entre aceitar ser ludibriado ou não comprar a mercadoria e ficar sem comer.
Estes exemplos demonstram o quanto a liberdade burguesa pregada pelo sistema capitalista é uma ilusão o quanto uma escolha eo poder de decisão de quem não tem recursos pode ter consequências trágicas para o cidadão que não tem opção de escolha de acordo com suas condições financeiras.
Como isto afeta todas outras formas de liberdade do cidadão comum?
Quando vive-se só para se alimentar , quando todas as suas energias e horas de vida devem ser focadas apenas na sobrevivência .Uma família inteira acaba tendo todas suas ações voltadas para sua sobrevivência ,suas crianças perdem suas horas de infância indo atrás de comida, todos sejam os idosos ou até mesmo deficientes tem suas ações voltadas única e simplesmente voltadas para a sobrevivência aniquilando desta forma a possibilidade da busca por educação ,por lazer ,por saúde, ao exercício da cidadania ,da sociabilidade com uma sobrecarga desumana e uma vida completamente desgastante aonde sua impotência e a imposição de suas necessidades retiram toda sua liberdade.
Um dos princípios éticos que norteiam o trabalho do/a assistente social, conforme o referido Código de Ética, refere-se ao “reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais”. (CFESS, 1993).
há o entendimento ontológico de que a liberdade é concebida historicamente, “como possibilidade de escolha entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais” (PAULO NETTO, 2006
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